VAMOS ABRIR UMA IGREJA

(deu na Folha de São Paulo)

O primeiro milagre do heliocentrismo
Hélio Schwartsman

… Eu, Claudio Angelo, editor de Ciência da Folha, e Rafael Garcia,
repórter do jornal, decidimos abrir uma igreja. Com o auxílio técnico
do departamento Jurídico da Folha e do escritório Rodrigues Barbosa,
Mac Dowell de Figueiredo Gasparian Advogados, fizemo-lo. Precisamos
apenas de R$ 418,42 em taxas e emolumentos e de cinco dias úteis (não
consecutivos). É tudo muito simples. Não existem requisitos teológicos
ou doutrinários para criar um culto religioso. Tampouco se exige
número mínimo de fiéis.
Com o registro da Igreja Heliocêntrica do Sagrado Evangélio e seu
CNPJ, pudemos abrir uma conta bancária na qual realizamos aplicações
financeiras isentas de IR e IOF. Mas esses não são os únicos
benefícios fiscais da empreitada. Nos termos do artigo 150 da
Constituição, templos de qualquer culto são imunes a todos os impostos
que incidam sobre o patrimônio, a renda ou os serviços relacionados
com suas finalidades essenciais, as quais são definidas pelos próprios
criadores. Ou seja, se levássemos a coisa adiante, poderíamos nos
livrar de IPVA, IPTU, ISS, ITR e vários outros “Is” de bens colocados
em nome da igreja.
Há também vantagens extratributárias. Os templos são livres para se
organizarem como bem entenderem, o que inclui escolher seus
sacerdotes. Uma vez ungidos, eles adquirem privilégios como a isenção
do serviço militar obrigatório (já sagrei meus filhos Ian e David
ministros religiosos) e direito a prisão especial.

VEJAM MAIS EM
http://www1.folha.uol.com.br/folha/pensata/helioschwartsman/ult510u660688.shtml

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